“A diretoria do SINDISETO sempre estará em busca dos direitos e da valorização dos servidores, de olho nas condições e relações de trabalho”
O professor Alano Gomes de Oliveira assumiu a presidência do SINDISETO, em outubro, ciente de todas as dificuldades e desafios – que são muitos. Como tesoureiro da gestão passada ele teve que administrar uma queda brutal na receita do Sindicato (por conta do fim do imposto sindical); e como militante e servidor acompanhou as agruras do trabalhador, na luta constante por melhores condições de trabalho. Nesta entrevista, ele fala das prioridades do seu mandato, dos planos da entidade e de um tema que será primordial para a classe trabalhadora na próxima campanha política: a possível revisão da malfadada Reforma Trabalhista, que tantos danos trouxe ao trabalhador. Por fim, mas não menos importante, Alano Gomes garante, em tom de promessa: “A diretoria do SINDISETO sempre estará em busca dos direitos e da valorização dos servidores, de olho nas condições e relações de trabalho”.
O senhor já participava da Diretoria do SINDISETO, uma equipe bastante unida e coesa. O que muda agora, que passou de tesoureiro a presidente?
Fui convidado a participar do Conselho Fiscal da última diretoria e na última hora acabei entrando como tesoureiro. Percebi uma diretoria muito séria na luta pelos direitos e na maneira de usar os recursos do Sindicato, sempre buscando devolver ao servidor o capital investido, seja na forma de trabalho sindical ou de convênios e sorteios de brindes. Na Tesouraria trabalhamos sem o imposto sindical, que representava aproximadamente metade de nossa receita, e mesmo assim devolvemos muito ao servidor.
Quais são suas prioridades neste início de mandato?
A principal prioridade é a busca pela volta do diálogo com o Executivo Municipal, a fim de tratar os assuntos referentes à vida do servidor, seja em seu ambiente de trabalho, na carreira ou na remuneração recebida.
O que o SINDISETO oferece hoje aos seus filiados e quais os planos para manter e ampliar essa relação entre a entidade e os sindicalizados?
O SINDISETO é incansável na busca pela justiça no que se refere ao trabalho realizado e na respectiva remuneração recebida pelo servidor público municipal. Oferece assistência jurídica nos assuntos relacionados à vida funcional do servidor e além disso tem convênios com dentistas, médicos, faculdades, escolas, laboratórios, farmácias, óticas, empresas de gás e ainda como opção para o lazer dos servidores temos convênio a preço acessível com um dos melhores clubes da cidade e região.
Nunca na história desse país os trabalhadores foram tão atacados em seus direitos básicos, principalmente com as reformas da Previdência e Trabalhista. Como enfrentar essa realidade e que meios usar para atenuar as perdas da classe trabalhadora?
O Brasil precisa de maneira urgente de políticos que busquem trabalhar pelo coletivo, fazendo deste um lugar melhor para se viver. No caso das reformas, as entidades representativas das classes trabalhadoras foram unânimes em alertar a população que naquele momento era ruim, não traria o resultado esperado e tornaria a vida de quem realmente trabalha neste país mais difícil. Não deu outra! As reformas passaram com a promessa de que teríamos uma modernização nas relações de trabalho e direitos previdenciários, além de aumentar o emprego, a renda e tornar as condições previdenciárias mais sustentáveis. O que aconteceu de fato foi a diminuição do emprego (qualquer um pode conferir nos dados do IBGE para trabalhadores com carteira assinada, por exemplo), uma inflação altíssima sem as devidas correções salariais e sistemas previdenciários insustentáveis. O que podemos fazer? Não podemos desanimar, temos que acreditar nesse país lindo, com grandes recursos naturais, com um povo batalhador e trabalhar a consciência política. Neste ano de 2022 teremos a oportunidade de eleger novos representantes, tanto na esfera federal quanto na estadual. É o momento de participar e buscar representantes que estejam preocupados em fazer o país avançar e tornar a vida das pessoas mais justa.
Os servidores públicos municipais, além de serem atingidos pelas legislações federais, tem os seus problemas locais: assédio moral, condições inadequadas de trabalho e salários baixos, entre eles. Como é essa realidade em Teófilo Otoni e o que fazer para muda-la?
Em nossa cidade, a Prefeitura não tem feito valer o Artigo 37 da Constituição Federal e estamos sem revisão geral nos salários dos servidores, acumulando uma perda salarial de mais de 50% – considerando apenas os índices inflacionários IPCA e INPC. Como a Administração Municipal não tem uma previsão para resolver o problema, o SINDISETO entrou com um mandado de injunção e paralelamente tem buscado reuniões com o Executivo Municipal para tentar resolver o impasse.
Com a Reforma Trabalhista, os sindicatos perderam uma fonte de receita considerável, a contribuição sindical anual. Como isso está impactando a vida do SINDISETO?
Perdemos aproximadamente metade de nossa receita e, é claro, era um recurso muito bem-vindo. Tivemos que ajustar as contas, diminuir algumas ações e cortar gastos, mas nunca deixamos de trabalhar para fazer um sindicato que luta ao lado dos servidores na busca por todos os seus direitos.
Dois pré-candidatos à presidência nas eleições de outubro, Lula (PT) e Ciro Gomes (PDT), estão acenando com a possibilidade de, se eleitos, revogar a Reforma Trabalhista, a exemplo do que está acontecendo na Espanha. O senhor acredita nessa possibilidade?
As eleições para nossos representantes, tanto na esfera federal quanto na estadual e principalmente para presidente da República, são uma oportunidade para buscar representantes que estejam comprometidos com os avanços na vida dos brasileiros. Investir nas pessoas que trabalham neste país deve ser uma prioridade. Como as reformas realizadas pelos últimos governos não entregaram os efeitos esperados, acredito que quem for eleito deve, sim, revogar ou buscar uma nova opção para que o Brasil volte a gerar empregos e principalmente empregos de qualidade com trabalhadores valorizados, com sentimento de justiça nas relações de trabalho.
Que recado o senhor gostaria de dar ao associado do SINDISETO. O que o filiado pode esperar de seu mandato, que se encerra em 2025?
O SINDISETO vai trabalhar para buscar, junto ao servidor, todos os direitos. Estaremos sempre em diálogo com os trabalhadores, na busca pelas melhores ações a serem realizadas, na busca pelos direitos dos servidores. Estamos de olho nas condições de trabalho, nas relações de trabalho e na valorização dos servidores.